No coração do bairro da Rua Canto dos Reis, na freguesia de Calhetas, ergue-se um mural que é mais do que arte: é memória viva, é tributo, é resistência. “Guardiãs dos Bordados”, da autoria da artista Andreia Sousa, celebra as mulheres que, com agulhas e linhas, teceram o sustento e a identidade de um povo.
Durante décadas, o Bordado Regional de S. Miguel foi o ganha-pão de muitas famílias micaelenses. Nas Calhetas, como em tantas outras localidades da ilha, eram as mãos das mães, das avós, e até das crianças, que bordavam com precisão e dedicação. Era uma arte passada de geração em geração — muitas vezes aprendida desde cedo, como necessidade, mas também como herança.
Com o encerramento da última fábrica de bordados em 2024, fechou-se um ciclo. Mas não se apagou a história. Este mural é uma resposta a esse silêncio industrial: uma lembrança colorida das mãos calejadas que bordaram sonhos, sacrifícios e tradições em cada ponto.
“Guardiãs dos Bordados” não é apenas um mural. É um espaço de reconhecimento e gratidão. É a afirmação de que, mesmo quando as fábricas encerram, a memória permanece viva nas paredes, nas ruas e nos corações da comunidade.