FREGUESIA

Recorrendo à história, encontramos em Gaspar Frutuoso, renomado cronista açoriano do século XVI, uma descrição vívida da freguesia de

Calhetas. O autor escreveu:

“De Rabo de Peixe a um terço de légua, estão umas Calhetas em pontas e arrecifes de pedra, em que toma muito peixe de tarrafa e se

fazem boas pescarias.”

Este testemunho sublinha não só a importância histórica e económica da pesca na região, mas também a singularidade geográfica que dá

nome à freguesia. “Calhetas” evoca as pequenas enseadas, formações rochosas e recifes que moldam esta costa, dando-lhe um caráter próprio

e inconfundível.

Situada sobre a rocha, na costa norte da ilha de São Miguel, Calhetas é uma povoação marcada pela força do Atlântico, que ao longo dos tempos foi reclamando partes do seu território, incluindo habitações. Relatos antigos, como os de frei Agostinho de Montalverne, referem a existência da ermida da Boa Viagem, cuja localização exata permanece incerta. Os calhetenses acreditam que esta ermida poderia ter-se situado sobre uma formação rochosa em frente à atual igreja, conhecida como a Pedra da Boa Viagem. No entanto, estudos científicos conduzidos por Paulo Borges sobre a erosão costeira apontam para uma localização mais provável na Rua do Porto, próxima da Vila de Rabo de Peixe.

Originalmente, Calhetas era um lugar pertencente à freguesia de Rabo de Peixe, tendo-se desanexado a 16 de junho de 1835. Durante

algum tempo, partilhou administração com a freguesia do Pico da Pedra, embora cada uma seguisse o seu próprio regimento.

Desde 2022, a junta de freguesia celebra o seu aniversário com uma sessão solene oficial, dando continuidade a um espírito de comemoração

que, em anos anteriores, era promovido pela paróquia local através de celebrações comunitárias.